Gente Como a Gente
Esse garoto se chama Conrad Jarrett e perdeu seu irmão mais velho em um acidente de barco, desatre este em que ele também estava. Conrad se deprime, chegando até a tentar suicídio. Sua mãe o trata com indiferença e seu pai mais parece o Bob Esponja: está tudo muito bom, estão todos muito bem, alegria! alegria!. A partir dessa tese começamos a viver a história do garoto, seu relacionamento com os amigos, com as garotas, com os estudos... o diretor estreante Robert Redford nos coloca dentro da casa dos Jarrett, não escondendo os podres dessa família normal como qualquer outra.
É difícil dizer o que torna Gente Como a Gente um excelente filme. Pode ser a direção sublime de Redford, pode ser o roteiro intimista de Alvin Sargent (que também adaptou o excelente Homem Aranha 2), podem ser as atuações soberbas do quarteto principal, pode ser simplismente pelo filme retratar gente como a gente. Podiam ser outras dezenas de coisas passadas a nós durante os 123 minutos, mas é difícil achar algo para destacar. Tudo soma para um belo e tocante resultado final.
O roteiro é adaptado de um livro homônimo de Judith Guest, que ganhou um tom mais pessimista quando foi transportado para a tela. O destaque para o script são os diálogos entre Conrad e Dr Berger e os entre Beth e Calvin, pais do garoto. O ator Timothy Hutton, então com 20 anos, consegue emocionar até o mais durão espectador, sendo a perfeição em cena, não menos que isso. Os atores Donald Sutherland e Mary Tyler Moore não ficam atrás interpretando o resto do resto da família, sendo necessário dizer que por uma cruel ironia Mary Tyler perdeu seu único filho em um acidente com uma arma antes de filmar Gente Como a Gente.
É curioso que um dos primeiros filmes a retratar os problemas das pessoas comuns seja dirigido por um ator mais que acostumado com o glamour das grandes produções hollywoodianas, como Butch Cassidy, Golpe de Mestre e Todos os Homens do Presidente. Mais estranho é ver que em seu trabalho de estréia esse mesmo ator fez algo fantástico, não deixando que um drama sublime não descanbe ao pastelão. Como diz outra frase promocional do filme, tudo está em seu lugar apropriado, exceto o passado. E Gente Como a Gente também está em seu lugar apropriado, no hall dos grandes filmes de todos os tempos.