sábado, janeiro 29, 2005

A Época da Inocência

A Época da Inocência é sobre o caso de amor de Newland Archer (Daniel Day-Lewis) e Ellen Olenska (Michele Pffeifer), prima da noiva dele que chegou há pouco da Europa causando estranhamento na alta e hipócrita sociedade nova-iorquina de 1870. Archer se vê em um confronto entre o tradicional, representado por sua noiva (Winona Ryder, bela porém sem brilho) e o moderno, Ellen. Apesar de ser dirigido e adaptado por Martin Scorsese, seria mais justo creditar o filme ao diretor de arte Dante Ferreti.

O romance e as questões sociais da época são pano de fundo para os belos cenários arquitetados pelo italiano, tanto que até os objetos em cena e a refeição das jantas merecem closes. A cada mansão, prédio e jardim que somos apresentados durante a história nos surpreendemos com a riqueza de detalhes da produção, ajudada pelos trocentos figurinos impecáveis que desfilam diante dos nossos olhos. E Martin Scorsese sabe usar a direção de arte muito bem, explorando ao máximo os cenários, passeando com a câmera por todos os cantos do set. Outro ponto forte do trabalho de Dante Ferreti é a reconstituição da Big Apple do final do século, incluindo um rascunho da Times Square.

A beleza de A Época da Inocência é tanta que a primeira vista até esquecemos um pouco os atores e o conflito entre as personagens, mas a medida que o tempo avança ficamos aprisionados com o drama de Archer, perfeitamente caracterizado pelo inglês Day-Lewis. Michelle Pffeifer dá presença a sua personagem, mas cai no pastelão certos momentos, como na hora em que inexplicavelmente começa a chorar.

A narração que nos guia pela Nova York do século XIX à primeira vista pode parecer preguiça dos roteiristas, mas ela nos fornece detalhes que se fossem filmados transformariam o filme em um longa de quatro aborrecidas horas. Nós mesmos percebemos que Martin Scorsese fez o possível (e conseguiu) para não deixar a história cansativa, seja através da fotografia suave, seja através dos cenários. Apenas a trilha sonora segue o tom da trama nos angustiando as poucas vezes que é tocada. A última ressalva do filme é o forte tapa na cara que ele nos deixa, mostrando como a vida é comum e como a desperdiçamos. Resultado final: descobrimos que a inocência é a nossa, tanto por achar que seria apenas mais um filme meloso, tanto por acreditar que a vida pode ser especial.

1 Comments:

Blogger KK said...

Agora sim, dá pra gente comentar... revi esse filme essa semana na Globo, mto bom msm!

30/1/05 19:33  

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