terça-feira, janeiro 25, 2005

20.000 Léguas Submarinas

O escritor Júlio Verne é conhecido por ser o autor de histórias fantásticas, como A Volta ao Mundo em 80 Dias, 20.000 Léguas Submarinas e Viagem ao Centro da Terra. Está certo que o francês é um dos autores mais visionários de todos os tempos por escrever sobre viagens à Lua ou ao fundo do mar numa época que nem automóveis existiam, mas agora, colocar suas obras no status de clássico, é brincadeira. Principalmente 20.000 Léguas, uma história entediante que não consegue prender a atenção do leitor uma única vez.
A história conta como o Professor Aronnax, seu amigo Conselho e o bruto Ned foram parar dentro de um enorme submarino que estava sendo confundido com um imenso monstro (na época que a história foi escrita -1870- não existiam submarinos) e levando pânico a todos em terra firme. O tenso do livro é que ele é grande demais para história de menos. São páginas e mais páginas com o Professor pesquisando sobre a vida marinha, e nada mais. Julio Verne passou ao leitor a mesma sensação de aborrecimento e monotonia que as personagens sentiam dentro do reino do Capitão Nemo, o emblemático dono do submarino, e creio que não foi por querer.
O livro do escritor francês ainda é vítima de um ciclo que contribue para a falta de emoção e surpresa na narrativa: eles aprendem algo sobre a vida marinha, acontece algum problema grave, eles se salvam e vão para outro ponto na imensidão azul aprender outras coisas, passar por outros problemas e assim por diante. O mesmo vício chato se faz presente em A Volta ao Mundo em 80 Dias, quando Phileas Fogg ia para um país, sofria alguma coisa, salvava- se e ia para outra terra.
Outro ponto em comum com A Volta ao Mundo é a personalidade, melhor, falta dela, dos melhor amigo da personagem principal. Conselho é talvez a pessoa mais imbecil de toda a literatura mundial, não consegue nem respirar se seu chefe também o fazer, levando sua vida ridícula a aborrecer o leitor mais que o francês Passepartout do outro livro. O próprio Capitão Nemo não funciona, não nos passando o medo que deveríamos sentir dele. Ele entra calado na história, sai mudo e tãtã. Há um certo esforço de passar imponência à figura dele, mas não somos convencidos de sua capacidade de fazer qualquer coisa (inclusive matar) pelo seu segredo.
Há algumas partes que dão uma certa esperança a quem lê o livro que algo irá acontecer, como a visita a Atlântida ou a passagem do Mediterrâneo, mas mera expectativa. Também faltam explicações de quem eram aqueles tripulantes, para onde iam quando sumiam, de onde eles vinham e que raio de língua falavam. Chega uma hora no livro que nós próprios desejamos ser o bronco Ned para podermos enfiar uma faca no Aronnax, outra no Nemo e bater a cabeça de Conselho contra a parede até ele resolver ter vida própria. A única coisa agradável do livro é descobrirmos de onde vem o nome do simpático peixinho da Pixar, muito pouco para um livro com tantas páginas e tanta fama.